Foto: Vinicius Becker (Diário)
Como o Diário adiantou na quinta-feira passada (16), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) encurtou a distância entre os pontos de pare e siga na BR-158, entre Santa Maria e Itaara, na manhã desta segunda-feira (20). A medida busca reduzir o tempo de espera dos motoristas que trafegam diariamente pelo trecho, utilizado tanto por moradores da cidade vizinha quanto por caminhões que escoam a produção pelo Estado.
Segundo o Dnit, nas próximas semanas deve ocorrer a liberação total da rodovia, ainda sem data definida. As obras de contenção, no entanto, só deve ser concluída no primeiro semestre de 2026.
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Como ficou?

Agora, a distância entre os pontos de bloqueio é de 1 quilômetro — antes, eram mais de 2 km no trecho entre o viaduto sobre o Vale do Menino Deus e o acesso à Estrada Franzin.
O Diário percorreu o novo trajeto por volta das 9h desta segunda. O tempo total de deslocamento entre o Trevo do Castelinho e o acesso à Brita Pinhal, no sentido para Itaara, foi de 28 minutos. Desse tempo, cerca de 4 minutos foram até chegar ao último veículo parado. A espera até o trânsito voltar a fluir levou 13 minutos. O restante, 11 minutos, correspondeu ao deslocamento até o fim da serra. Isto contando com o número alto de caminhões na serra. Vale ressaltar que este foi em uma situação determinada. O tempo real de deslocamento varia de cada horário e volume de trânsito.
De acordo com o Dnit, a liberação total da rodovia, sem os bloqueios de pare e siga, deve ocorrer nas próximas semanas, conforme as frentes de trabalho de contenção avançam.
Usuários avaliam positivamente

Para o professor universitário Josué Rigue, 39 anos, que utiliza a rodovia diariamente, a redução do trecho representa um alívio:
– É uma redução (de tempo) bastante significativa, né? Menos da metade do tempo. E vendo os relatos do pessoal da população de Itaara no grupo, claro, ainda é muito inicial tudo isso, mas já parece que esse tempo na prática está menor – afirma Rigue que demorou 10 minutos para descer a rodovia em direção a Santa Maria.
Rigue participa de um grupo em aplicativo de mensagens com mais de 900 membros, criado para alertar motoristas sobre o andamento das obras. Segundo ele, a nova medida foi bem recebida, com relatos de esperas de 16 minutos a 10 minutos. Apesar da melhora, o professor questiona a segurança no novo ponto de parada, próximo a uma área onde ainda há equipes trabalhando. Em resposta, o Dnit informou que o sistema de pare e siga é justamente uma medida de segurança para os usuários da rodovia.
Outra condutora que sentiu diferença é a funcionária pública, Karine de Moraes, 34 anos, que segundo ela foram 10 minutos parada na descida da serra. Em comparação com a semana passada, foram de 30 a 40 minutos de diminuição no tempo de espera.
– Sempre saio no mesmo horário por volta de 12h. Normalmente chego ás 12h55min ou 13h em Santa Maria. Hoje sai 12h05 cheguei 12h36 – calcula a funcionária pública.
Obra complexa

O tráfego intenso de caminhões pesados, aliado ao fechamento da Estrada do Perau após as fortes chuvas do ano passado e à execução simultânea de 18 pontos de obra, ajuda a explicar os transtornos no trânsito. Caso o Perau estivesse liberado, os cerca de 9 quilômetros entre a estrada e o Trevo do Castelinho poderiam ser evitados, já que muitos moradores de Itaara utilizam a BR-158 para circular entre as cidades.
A obra, considerada histórica pelo Dnit, foi iniciada em março deste ano, com investimento total superior a R$ 173 milhões. No total, serão 6,2 quilômetros de contenções em encostas, com alturas variando de 3 a 40 metros.
A complexidade do trabalho é evidente. Segundo o órgão, estão sendo aplicadas diversas técnicas de engenharia, como solo grampeado, cortinas de concreto atirantadas e muros de gabião. Uma equipe de 331 operários atua na execução, incluindo profissionais especializados que utilizam técnicas de rapel para realizar perfurações e instalar estruturas em altura. Máquinas distribuídas ao longo da rodovia executam escavações para fixar as estruturas de contenção.
Os números dão dimensão da obra: serão utilizadas 325 toneladas de aço, 3.178 metros cúbicos de concreto e 133 quilômetros de tirantes — barras metálicas cravadas nas rochas para fixação —, além de uma área de telas de proteção equivalente a mais de cinco campos de futebol.